João Cândido Martins, 2003
Coleciono um milhão de vidas
Que a chuva molhou de surpresa,
Gerando imagens distorcidas,
Encharcando plenas certezas.
Coleciono coisas que não preciso.
Confuso, coleciono manhãs.
Tenho guardado o teu sorriso
Na gaveta das coisas vãs.
Ostento virtudes odiosas.
Planto rosas de aço, indiferente.
Em meio à colisão das nebulosas,
Vivo num cofre transparente.
Grito em meio ao sono
Palavras que desconheço.
Inquietudes coleciono,
Frases ditas ao avesso.
Foto: João Cândido Martins (2004)
Sem comentários:
Publicar um comentário